segunda-feira, 17 de março de 2008

O taxista que "entrou em pânico"


O taxista alcoolizado que atropelou quatro crianças numa passadeira, na Praça das Flores, no Porto, fugiu do local porque «entrou em pânico», após o acidente.

Em declarações ao PortugalDiário, o pai do motorista, que pediu para não ser identificado, referiu ainda que os populares «começaram a dar socos e pontapés no carro» e que, diante a exaltação das pessoas, o filho «ficou com receio de ser linchado» e fugiu.

M.P. que também é taxista, e patrão do filho, garante que aquele tentou ligar ao INEM, mas «atrapalhado que estava, não conseguiu, e pediu a um colega para fazê-lo».

Segundo a mesma fonte, o motorista apresentou-se às autoridades e realizou o exame de alcoolemia «30 a 45 minutos depois», sendo que o primeiro deu uma taxa de 0,91g/l e o segundo já fixou uma taxa de 0,80g/l. «Foram realizados num espaço de cinco minutos, o que me leva a pensar que havia ali algum problema», sustenta MP.

Em declarações ao Diário de Notícias, o taxista de 44 anos, envolvido no acidente, admitiu ter bebido ao almoço, antes do acidente, mas que se sentia apto a conduzir.

Taxista continua com a carta e vai trabalhar

M.P. garante que, «para já» o filho está «atarantado» e deverá estar parado por uns dias, mas depois de recomposto vai continuar a conduzir o táxi. «Não pode roubar para viver, tem mesmo de trabalhar», sublinhou.

Os valores em causa representam contra-ordenações (condução com álcool só representa crime com a taxas iguais ou superiores a 1.2g/l) pelo que o pai do condutor pagou-lhe a coima de 500 euros e o processo seguiu para inquérito criminal no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) do Porto. O taxista está indiciado por omissão de auxílio e ofensas corporais.

A carta não lhe foi retirada «porque apenas os tribunais têm poder para retirar o título de condução a uma pessoa», precisou ao PortugalDiário fonte do Comando, acrescentando que, nos casos de flagrante delito, a PSP pode inibir a condução por períodos de 12 horas.

«Mas nem assim retiramos a carta. Se o condutor for apanhado comete ainda um crime de desobediência agravada», sustentou.

Já ligou a mãe de menor

M.P. já telefonou à mãe de Cláudia Soraia, a menina de 12 anos que partiu a bacia na sequência do atropelamento para se inteirar do estado de saúde das crianças e o taxista envolvido no acidente afirmou mesmo ao Correio da Manhã ter ligado «à mãe da menina que está pior» para pedir desculpas, mas aquela «não podia na altura falar».

O condutor assumiu em declarações ao DN ter cumprido dois anos de prisão, saiu em Maio, por roubo, enquanto o pai deste afirmou ao 24 Horas que o filho teve problemas com droga. «Esteve três vezes detido por narcotráfico, mas anda limpo há quatro anos». Ao PortugalDiário, o pai da taxista não confirmou estas declarações relativas ao tráfico de droga.

Nega excesso de velocidade

Segundo o taxista envolvido no atropelamento, o automóvel vinha a descer o túnel e foi obrigado a desviar-se de um carro que entrou na via pela esquerda. «Quando percebi, já vinha a chegar à passadeira», tendo atropelado as duas crianças. «Não vinha com muita velocidade, mas já não tive tempo de travar e evitar o pior», precisou em declarações ao Correio da Manhã.

A versão contradiz as declarações das testemunhas oculares, para quem o condutor seguia em excesso de velocidade.

Refira-se que duas menores, ambas com 12 anos, continuam internadas no Hospital de São João, uma delas em estado de coma e a outra com fracturas na bacia e na mão.

Fonte: Portugal Diário

Nenhum comentário: